Há três décadas e meia cinco
vertentes pululavam e se encontravam para dar corpo à maior novidade da
história política brasileira: o PARTIDO DOS TRABALHADORES.
A maior das vertentes era
formada por sindicalistas da mais poderosa e moderna classe operária da América
Latina, expresso nos sindicatos de Metalúrgicos capitaneados por Lula e por São
Bernardo do Campo se uniam a petroleiros de Campinas e da Bahia, a Bancários de
São Paulo e do Rio Grande do Sul e aos professores da poderosa categoria de
Belo Horizonte, mas também haviam os trabalhadores rurais do norte e do
nordeste, Chico Mendes e a luta ambiental no Acre. Outra vertente, a mais
charmosa era composta de artistas e intelectuais, tendo a frente Mário Pedrosa
e Perseu Abramo, ao lado do sindicato dos artistas, a eles se somaram
professores de esquerda das universidades. No terceiro olho d’água estava a
Igreja Católica Progressista, com as comunidades eclesiais de base, eu sempre
lembro que em Belém do Pará, onde morava e militava, também a Igreja Luterana
participava do processo. Havia também neste desaguadouro as organizações da
esquerda, muitas delas oriundas da profunda divisão do PCB nos anos sessenta; organizações
guerrilheiras, trotskistas, posadistas, autonomistas, marxistas, pseudo
anarquistas, enfim, muitas. Por fim, haviam personalidades democráticas como
Mercadante, Suplicy e outros que vieram a somar. Essas cinco vertentes desaguaram no PT.
É importante frisar que o PT
é anti-stalinista, pós experiência de partido único, de “centralismo
democrático”, de ditaduras de esquerda e de direita, e assim também desagrada o
trotskismo, o foquismo, o maoísmo. É um partido socialista que não condena o
mercado e que se tem seu olhar na promoção das classes menos favorecidas, daí
que a chegada em 2002 ao governo se transformou numa vitória do processo de
revolução democrática.
Desde o nascedouro
enfrentamos a dureza da elite brasileira e sua tradição escravocrata e
coronelista. A burguesia destas paragens sempre tratou o país com desdém, desde
os tempos de Cabral. Quando se fez país em 1808 atribuiu ao rei português o
feito; quando fez os escravos saírem das fazendas para as favelas tirou a
escravidão mas quer manter a servidão e um salário miserável cuja perspectiva é
sobreviver como na senzala; quando unificou o país quis fazer do sul-sudeste a
Europa e do norte-nordeste a pobreza subsaariana. Assim, o PT sempre enfrentou
o ódio destilado das elites através dos meios de comunicação e as modificações
das leis eleitorais sempre foram para atingir o partido e sua representação. Da
prisão de Lula em 1980, à condenação pelo tribunal militar em 1982 e das
modificações dos critérios para a legalidade e a participação eleitoral em
1982, dos boicotes às falas de Lula nos comícios das Diretas-Já até os ataques
que sofremos hoje mostram que a tentativa de nos criminalizar nunca passará.
Eles vão ter que nos engolir.
Desde a conquista da
prefeitura de Fortaleza em 1985, passando pela de São Paulo em 1988, depois os
governos do RS, AC, SE, BA, DF, PA, prefeituras paulistas e gaúchas e agora
mineiras, que a elite econômica-política-midiática tenta nos desmoralizar. Mas
nós também pisamos na bola e demos espaços para isso, precisamos reconhecer e
corrigir a rota.
As vitórias eleitorais de
Lula e Dilma em 2002, 2006, 2010 e 2014, em alianças com o centro político e
com o empresariado que busca o mercado interno, possibilitou a inclusão e a
melhoria de vida para mais de três dezenas de milhões de brasileiros, tornou
políticas de estado o combate à fome e à miséria, possibilitou visibilizar a
causa de mulheres, jovens, o combate à discriminação racial e ao preconceito
contra a orientação sexual. Porém não modificamos a estrutura concentradora de
renda do capitalismo brasileiro.
Pelo contrário, foram criados
novos ricos, novas fortunas e a corrupção que sempre campeou a política e a
economia nacional continuam, não sem combate, mas muitas vezes entrou em nossas
fileiras.
Entramos no “jogo da política”,
onde a troco de construir a maioria utilizamos os mesmos métodos dos hipócritas
que agora querem nos condenar. Mas também é verdade que sempre condenamos esse
jogo, assim deixamos nossa militância perplexa. Por um lado, é verdade que
precisamos continuar os programas sociais aplicados nestes doze anos, por outro,
é possível fazer política de forma diferente e chegar ao governo, depois compor
uma maioria parlamentar?
Nesta convivência com o poder
no estado capitalista e sem a participação popular, nossos quadros viraram
burocratas da máquina estatal. Hoje sucumbimos a um argumento falacioso que
contrapõe técnica à política, criminalizando esta última. É senso comum entre
os governantes que temos que escolher um “secretariado técnico” ao invés de
“político” assim criamos os Paulos Robertos Costa da vida, os Duques, Baruscos
que tanto mal fizeram à maior estatal brasileira, patrimônio do povo nossa
querida Petrobras. Nossos parlamentares vivem a dar pito na militância e soltar
gritinhos desaforados nos dirigentes (quando não fazem da direção correia de
transmissão direita dos mandatos). Os argumentos programáticos foram substituídos
pelos argumentos pragmáticos, os militantes por profissionais de campanha, os
quadros políticos por “técnicos”, quase sempre profissionalizados e pagos com o
dinheiro público dos mandatos.
Agora a direita carcomida,
derrotada eleitoralmente por quatro vezes está ensandecida. Num gesto
desesperador quer nos criminalizar e banir da política. Nosso caminho não é só
a resistência, esta é o primeiro passo, mas como mostra SUN TZU “A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de
vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem
ataca, mostra que ela é abundante.” Assim devemos reanimar a luta
nas ruas e aprofundar as transformações, ou ficaremos reféns dos Renans, Cunhas
e do PIG.
É preciso uma guinada no partido, mas uma guinada ao
encontro com nossos ideais: de socialização da política, de participação da
militância nas decisões e de fiscalização coercitiva das comissões de ética. No
campo programático precisamos retomar o orçamento participativo como bandeira
fundamental para a participação popular, as conferências setoriais, enfim,
PARTICIPAÇÃO política do povo é fundamental. E nossos dirigentes tem que
ESCUTAR e não só passar nas reuniões, falar e ir embora como fazem outros
partidos.
Por tudo isso, a despeito dos
que querem dar um golpe na democracia, O PT TEM QUE SE DIFERENCIAR, não pode se
igualar, é o que nos querem fazer aqueles que rastejam na política nacional, os
oriundos da Arena, os filhotes da ditadura, os coxinhas filhos do
neoliberalismo.
VIVA OS 35 ANOS DO PT!
LONGA VIDA AO PARTIDO DOS
TRABALHADORES, PATRIMÔNIO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA!
Um comentário :
Amigo Geraldo! Saudações Petistas Companheiro...bom saber de você...lembro quando estudamos juntos no Deodoro, Infante Dom Henrique. E Rutherford....saudades imensas quando ainda povoávamos o nascimento do PT no Pará. Sonhos que transformamos em realidade...gostaria de revê -lo. Forte abraço. Carlos Mouzinho
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