Geraldo
Pinto
APRESENTADO AO ENCONTRO SOBRE TÁTICA ELEITORAL 2014 DO PT-RN
Postando em seu blog com o título “Eleições
2014: três tenores sem partitura” o jornanalista Luis Nassif pontua que: “as mesmas se farão em um vácuo inédito de
ideias econômicas e políticas.” Contrastando com todas as eleições pós-ditadura
onde o povo elegeu o neoliberalismo de Collor/ FHC (1989,1994 e1998), a
bandeira social de Lula (2002 e 2006) e o desenvolvimentismo representado por
Dilma em 2010.
Alerta o escriba que dessas escolhas decorrem políticas macroeconômicas
que interferem na vida dos brasileiros tanto quando aplicadas quanto no futuro.
Critica a postura de Dilma e Mantega de intervenções pontuais e estímulos
econômicos setoriais sem uma clara política industrial. A oposição? Tanto Aécio
Never quanto a dupla Campos/Marina caminham para propor as medidas neoliberais
de outrora. Não há uma estratégia cambial clara e então fiquemos reféns de
discussões sobre superávit, metas de inflação, dívida pública, redução de
impostos e ataque à corrupção. Mantras desprovidos de qualquer significado.
Então o militante aqui, no recanto de seu computador pessoal pensou:
- Se não há partitura nacional, qual será a situação
no RN? Botei os neurônios a
funcionar.
Vi então, sem muito esforço que os anos neoliberais nos levaram a
eleição de José Agripino e Garibaldi, e que a onda social da era Lula foi
apropriada por Vilma. Porém há claras diferenças entre os dois momentos. Por um
lado, a apropriação da agenda neoliberal foi muito bem executada por Agripino e
Garibaldi: fechamento de estatais, diminuição do estado, sucateamento das
secretarias, privatização da Cosern, criminalização dos movimentos sociais. Mas
quando analisamos os oito anos de governo Vilma, que coincidiram com a quadra
do Lulaço, no qual tivemos uma participação secundária, a aplicação da agenda
social ficou muito aquém do plano nacional – limitando-se a muito marketing
para associar a imagem da governadora a do mais popular presidente da História brasileira, as
ações federais no estado e as conferências. O maior exemplo da falta de
sincronia entre os governos Vilma e as políticas nacionais de Lula se apresenta
na área da educação, por onde passaram seis secretários em seis anos.
E a agenda desenvolvida por Dilma? Aqui o vácuo torna-se um buraco negro,
onde a gravidade absorve até a luz: o despreparo e a incompetência do governo
Rosa murcha se somam ao descaso e abandono das concepções neoliberais
demotucanas para com o aparato estatal, deixando o elefante potiguar doente.
Dotado de um patrimônio natural que inclui o mais extenso litoral do atlântico
brasileiro, do maior potencial eólico e de petróleo na parte terrestre, de
agricultura, sal, turismo, pesca, universidades, boa distribuição demográfica,
rodovias, barragem, praias paradisíacas, rede de hotéis, ou seja o Rio Grande
do Norte tem a oportunidade para que, nos marcos da crise capitalista mundial,
produzir a dinâmica de uma economia desenvolvimentista pudesse alavancar os
níveis de vida dos potiguares e não o que ocorreu:criar o exato oposto – uma
situação caótica.
Insegurança na população, que vê a violência com a terrível realidade
muito maior que qualquer indicador, insegurança nos investidores e nos agentes
econômicos que não acreditam em nada do que diz o governo estadual (vide os
exemplos vivos das eólicas e da outrora panaceia que seria o aeroporto de São
Gonçalo do Amarante), insegurança nos servidores que não creem sequer no
calendário de recebimento de salário e de pagamento das dívidas. A essas
incertezas se somam as dos fornecedores dos agentes econômicos, dos projetos,
etc. A educação e a saúde sucateadas, bem como todas as secretarias.
A resposta das elites a
esse quadro, onde os nove círculos do inferno de Dante parecem um paraíso ao
ser comparado, é mais do mesmo. Juntar os que governaram o estado há quatro décadas, debater nos salões das entidades empresariais e escolher
os filhos das mesmas famílias de sempre para representar um projeto onde a
maior participação do povo é aplaudir. No mesmo palanque teremos Alves, Maias,
ex-Maias, Bezerras, Melos e o antipetismo. Vão jogar a Rosa murcha no lixo e
dizer que nada tem com o que dela exala. Vão criar projetos mirabolantes e
novos elefantes brancos como um novo porto de um novo mangue. A partitura da
orquestra deles pode estar carcomida, mas eles sabem como tocar os
instrumentos, pois já se apresentaram outrora e acreditam que com um pouco de
treino e uma numerosa claque, a apresentação será um show de Pavarotti com a
filarmônica de Berlim.
E nós caro maestro? Cadê a nossa partitura?
Nossa maestrina Fátima Bezerra precisa reger a orquestra. Afinal não é
uma apresentação solo, com voz e violão. Se a partitura da educação está bem
escrita, sedimentada pelas ações dos IFRNs, da luta pela valorização dos
trabalhadores em educação e pela própria história de vida que é em si um
depoimento mui digno, se as ações junto aos municípios, ainda que sem muitas
harmônicas e contraltos podem vir a enriquecer nossa apresentação, é preciso
reconhecer que os músicos ainda não se apoderaram do tom nem da composição.
Mais ainda, é preciso reconhecer a insuficiência das composições e dos
músicos a seis meses do espetáculo para que possamos fazer uma boa
apresentação. Também precisamos afinar o tom e as partituras com nossos
parceiros, históricos e novos, tendo a clareza que tanto um como o outro querem
o aplauso e participar da orquestra e não somente descerrar a cortina ao final
da apresentação.
É preciso definir partitura, classes de instrumentos (cordas,madeiras,
metais, percussão, teclas), violinos, violas, violoncelos, contrabaixos,
harpas, flautas, flautins, oboés, clarinetes, fagotes, trompetes, trombones,
tubas, tímpanos, triângulos, caixas, bombo, pratos, piano, cravo, órgão, ufa.
Definir a hierarquia, solista, primeiros violinos, segundo violinos,
principais, spalla, trompetista líder, primeiro flautista e então acertar o tom
para podemos jogar.
Ou então ajustarmos bem os músicos, compor um frevo rasgado e em
parceria com PSD-PC do B, outras legendas que venham conosco, chamar cinco bons
trombones, três saxofones, dois trompetes, cinco bumbos na percussão, cinco taróis,
umas violas e uns pífanos a frente, ensaiarmos o coral de um frevo de rua com o
povão e botar o bloco na rua, palco onde nós nascemos e aqueles das famílias
tradicionais tem medo e um nojo que lhes é peculiar.
O lado de lá vai apresentar em um palco chique, com ar condicionado, e
em ambiente fechado. Nós temos que querer o contrário, precisamos nos
apresentar no palco das ruas, tendo o povo como artista principal e nós apenas
como elemento aglutinador do espetáculo.
Nosso palco não tem camarote, nem cordas, nem caminhões gigantes a
abafar as vozes que clamam por um RN para todos. As camisas podem e devem ser
despadronizadas, com cada grupo e cada parte dando expressão aos seus anseios,
numa grande colcha de retalhos como os fuxicos tão bem feitos por nossas
rendeiras, onde as partes isoladas nada significam mas ao final compõem o lindo
mosaico que todos apreciamos.
Uma coisa é certa, é hora de decidir, ter coragem e mandar o solista dar
o tom, porque a fantasia está preparada e se eu gosto da batalha de confetes,
não fujo da batalha das ideias. Meu estandarte vermelho com a estrela 13 já
está brilhando e doidinho para ganhar avenidas, ruas e ruelas do Rio Grande
mais próximo da linha do Equador, só depende da ordem do conselho deliberativo.
Vamos nessa, que a nossa música está escrita nesses 34 anos de vida, com
sangue, suor e lágrimas dos que sempre lutaram por um mundo justo e fraterno.
Viva o PT! Viva Fátima Senadora! Salve Robinson Faria nosso governador!
Salve o Partido Comunista do Brasil, nosso parceiro coautor do bloco
histórico da esquerda consequente.
Viva Fernando Mineiro Deputado Federal ! Precisamos postular outros
mais!
Viva Hugo Manso, Eraldo, Lucena, Odon, Valmir e todos os que se postarem
neste bloco para Deputados Estaduais!
Viva o povo trabalhador Potiguar
Natal, 26 de abril de 2014
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