Como noticiou a revista Carta Capital em sua edição da semana passada, o que se destaca até então na análise das prévias presidenciais norte-americanas é o fato de estarem os representantes do neoconservadorismo fora do centro da disputa. Mitt Romney, o candidato republicano cuja campanha mais se aproximou da linha adotada pelo governo Bush, está praticamente derrotado, sendo a vitória de McCain nas prévias dada como certa. Outros neoconservadores sequer conseguiram maior repercussão em suas candidaturas.
John McCain possui hoje quase o dobro dos delegados de seu principal oponente. Transcorrendo as prévias com certa normalidade, ele será o candidato republicano à sucessão de Bush. Apesar de ter votado a favor da invasão do Iraque, McCain – pouco tempo depois – recuou de seu apoio e fez críticas públicas à tortura e aos métodos utilizados pelo exército norte-americano na guerra.
O virtual candidato republicano também é favorável a medidas de controle do aquecimento global, legalização dos imigrantes clandestinos e ainda defende um firme controle sobre os gastos de campanha. Com estas posições, McCain acabou ganhando a rejeição dos setores mais conservadores de seu próprio partido. Vê-se nos noticiários até mesmo republicanos declarando que entre ele e Hillary, votariam nesta.
Na matéria d Carta Capital que mencionei, tem destaque aquilo que a revista aponta como sendo a principal diferença entre McCain e os candidatos democratas: a defesa do livre comércio. McCain chega mesmo a defender o fim dos subsídios agrícolas e a liberação da importação de produtos agrícolas, inclusive o etanol. Este último item, há anos está na agenda do governo brasileiro e representa um antigo desejo do setor.
Contudo, a grande vantagem que vem tendo nas prévias não representa vida fácil para McCain nas eleições presidenciais. Por mais que seus esforços em se desvincular da desastrosa política do governo Bush tragam bons resultados, ele certamente sofrerá com o desgaste de seu partido. Ainda, seus esforços em se afastar dos neoconservadores podem lhe trazer a antipatia deste setor do Partido Republicano, o que no caso tem um impacto potencialmente desastroso para sua candidatura. O fato é que indo pro centro, McCain perde o apoio de setores influentes dentro de seu partido; indo mais pra direito e fazendo o gosto dos conservadores, ele se isola, como os demais, e abre caminho para uma vitória quase certa dos democratas.
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