UMA VISÃO PARALÁTICA SOBRE A CRISE SUCESSÓRIA NO DIRETÓRIO DO PT-RN (1)

UMA VISÃO PARALÁTICA SOBRE A CRISE SUCESSÓRIA NO DIRETÓRIO DO PT-RN (1)
Escrevo estas linhas depois que a Executiva Nacional do PT decidiu encaminhar a decisão sobre o PED (Processo de Eleições Diretas) da nova direção do PT-RN para uma câmara de recursos que avaliará na próxima segunda-feira 09/12/2013. Em um ano com final cabalístico em 13, que apesar de consolidar a liderança nas pesquisas eleitorais pela presidenta DILMA tem deixado a militância do partido estupefata. Um primeiro semestre onde o 17 de junho só não repetiu o outubro bolchevique nem o março do golpe de 64 por ter sido levado pelas classes médias e vanguardeado por black-blocks e skinheads em sua sequência, um outubro de perseguição do judiciário ao partido com as prisões de José Dirceu, Genoíno e Delúbio e um dezembro que se inicia com a morte de um dos mais promissores quadros do partido, o governador de Sergipe Marcelo Deda. O final 13 que sempre significou bom destino para aqueles que como eu são botafoguenses e petistas parece nos ter abandonado.
Mas para o PT potiguar os infortúnios foram acrescidos pela crise oriunda do resultado do processo de eleições diretas onde as duas chapas se proclamam vencedoras e os dois candidatos ERALDO e OLAVO, atribuídos publicamente como candidatos dos deputados MINEIRO e da deputada FÁTIMA BEZERRA, respectivamente.
A despeito de participar da chapa encabeçada por ERALDO e com a responsabilidade de ter sido por duas vezes eleito presidente do partido e buscado exercitar a unidade e a síntese oriundos da diversidade inerente ao petismo, me propus a fazer uma análise do movimento petista a partir de diferentes ângulos, ainda que minha análise esteja impregnada por ser de uma das partes, espero que meu distanciamento no processo me permita a maior isenção possível.
Uma pergunta que se fazem petistas e não-petistas é a distância entre as duas proposições. Que modificações haveriam no caso da vitória de um ou outro candidato? Estabelecer essa métrica depende da posição do olhar de quem observa. A escala vai em ordem decrescente desde um membro do Apparatchik petista (funcionário dos gabinetes, profissional do partido ou indicação de cargo a distância é amazônica, para um militante a distância é razoável, para um filiado participante é menor que esta, para o filiado que não participa é menor ainda, para o simpatizante é muito confusa esta diferença, para a população vai desde o desconhecimento até a ojeriza dos anti-petistas.
Neste sentido, discorrer sobre as digressões acerca do movimento do petismo potiguar sob a ótica de um militante é uma revisão das doxas que se aproximam do que ZIZEK (2008) relações paradoxais entre atores sociais envolvidos. Mas ao mesmo tempo, ao se deslocar do campo militante para o campo analítico e deste para o de agente social, temos a ratificação da visão de paralaxe sobre a constituição e permanência dos objetivos da referida contenda em curso.
Caso estivéssemos em uma corrida de barcos, sendo os dois barcos de bandeiras vermelhas, as duas tripulações estariam se digladiando para ver quem é melhor, em terra a equipe de apoio não veria diferença de quem ganhasse, afinal será a equipe, para as outras equipes competidoras a diferença é pequena, para os inimigos são dois lados de um catamarã.
Mas como precisar estas diferenças/aproximações?
Recorro assim a observação através do método Paralaxe, ou seja, ver a aparente mudança da posição de um objeto observado, causada por uma mudança da posição do observador. Para que o leitor entenda melhor, faça o seguinte exercício: aponte para um objeto com o dedo indicador na posição vertical, de maneira que o seu dedo esteja situado no centro do objeto. Agora, feche um dos olhos para ver o objeto só com um olho. Em seguida, observe o objeto com o olho que estava fechado. Note que o objeto em questão parece ter mudado de posição. Isso é paralaxe e acontece porque cada olho vê o objeto de um ângulo diferente. Assim, o ponto de vista observado por um observador em movimento atestará diferentes distâncias, a depender do ângulo em que este observe o fenômeno. Em provas náuticas transmitidas pela TV é comum deslocarem a câmera em diferentes ângulos para mostrar a distância entre os concorrentes.
Mas isto é possível em uma eleição com dois concorrentes? Como podem haver dois vencendores? Há portanto dois perdedores? Quem ganhou? Quem perdeu?
Em suma, a pergunta que todos os petistas potiguares fazem e são instados a responder:
- Quem é o presidente do PT-RN, ERALDO ou OLAVO?
Junte-se uma outra pergunta capciosa comum neste elefante setentrional onde existem donos de agremiações partidárias:
- Quem manda no PT potiguar MINEIRO ou FÁTIMA?
Um dos maiores expoentes da filosofia árabe Alverróes ao interpretar o corão propõe existir verdades óbvias para o povo, místicas para o teólogo e científicas para o filósofo e estas podem estar em desacordo umas com as outras. Disto decorre a ideia de que existem duas verdades, onde uma proposição pode ser teologicamente falsa e filosoficamente verdadeira e vice-versa.

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