Dilma Rousseff: “Lula vai fazer campanha em Natal”


Dilma Rousseff afirma que Lula vem a Natal com agenda "política"


14/09/2008 - Tribuna do Norte
Anna Ruth Dantas - Repórter

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, garantiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cumprirá agenda com programação meramente administrativa em Natal. “Ele terá agenda administrativa só em Mossoró, onde não haverá programação política. A única agenda política que ele fará é aqui em Natal. Em Natal, ele não terá agenda administrativa”, enfatizou a ministra.

“Ele estará lá (em Mossoró) estritamente em caráter administrativo. Quando vier para aqui (em Natal), não estará em caráter administrativo e fará agenda política”, completou. Durante a palestra que proferiu para empresários em Natal, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, afirmou que o Brasil superará a meta dos 10 milhões de empregos estabelecida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o atual governo. Ela citou que o país fechará 2008 com 2 milhões novos postos de trabalho.

“Vamos ultrapassar os 10 milhões. Até agosto tínhamos criados 1,3 milhão de novos postos de trabalho. Aumentou a renda da população. E não aumentou só a classe C. Aumentou também da A e B. O que acontece é que a classe C e D teve um crescimento extraordinário no Brasil”, analisou a ministra Dilma Roussef, que participou na noite dessa sexta-feira de mobilização política em Natal, onde esteve no palanque da deputada federal Fátima Bezerra, candidata pelo PT.

A ministra ressaltou ainda o crescimento das regiões Norte e Nordeste e disse que as estatísticas não são reflexo apenas do investimento do empresariado, mas também da infra-estrutura oferecida pelo governo gederal. “O Norte e Nordeste são as regiões que mais crescem em relação a PIB e que mais têm inclusão social. Mas não é só fruto das iniciativas dos empresários. É fruto da intervenção do governo ao contribuir com estradas, ferrovias, portos, refinaria e petroquímica para se criar, no Nordeste, um dos maiores investimentos de infra-estrutura própria”, ressaltou.

Durante a passagem por Natal a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, evitou falar em uma possível candidatura para a Presidência da República. Mesmo depois de ter sido citada, em discurso, pelo presidente do Congresso, senador Garibaldi Filho, que fez menção de uma candidatura da ministra, Dilma Roussef nada respondeu. Questionada sobre a avaliação que fazia da afirmação do senador Garibaldi Filho, a ministra respondeu: “Meu negócio aqui tem nome, endereço e telefone: se chama Fátima”, afirmou, em uma referência à deputada que ela apóia para prefeita de Natal.

A ministra disse que estava participando das campanhas políticas nos municípios como cidadã. “Antes de ser ministra, eu sou cidadã. Aliás, se não fosse cidadã brasileira, não poderia ser uma boa ministra”, ponderou.

A imprensa nacional aponta que a sua presença em Natal é mais crédito do líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, e não da candidata a prefeita. Qual a motivação da senhora ao fazer campanha em Natal?
Estou em Natal porque aqui você tem um exemplo da base de sustentação do governo. Aqui estão unidos: PSB, PMDB e PT. Acho que isso, para nós, foi muito importante porque o Governo é sustentado por essa base. Isso é um fator importantíssimo para o Brasil porque dá governabilidade ao país. A gente deve ser capaz de unir projetos, mas não antagônicos, não oponentes, que permitem que juntos se resolvam grandes problemas do país. Mas estou aqui também porque eu tenho uma relação pessoal de respeito e admiração com Fátima Bezerra, pela capacidade de luta, pela determinação e insistência da Fátima. Acho que o prefeito Carlos Eduardo teve muita sorte. Primeiro, porque acho que ele é um excelente prefeito em si. Mas ele teve uma ajuda da Fátima Bezerra que era incansável em conseguir projetos para a Prefeitura de Natal que beneficiassem a cidade. E aí não tem conversa para Fátima.

A agenda do presidente Lula em Natal será restrita a questões administrativas?
Em Natal, o presidente só fará agenda política. Ele fará agenda política em Natal. Em Mossoró, ele não faz agenda política nenhuma. A única agenda política que ele vai fazer é aqui em Natal, onde não terá agenda administrativa. Ele não vai receber ninguém em Mossoró. Ele estará em Mossoró estritamente em caráter administrativo. Quando ele estiver aqui, vai fazer a agenda política.

A senhora veio participar de uma campanha na qual a candidata está em segundo lugar. Há como reverter?
Não tenho dúvida. Acho que Fátima vai conseguir. E acho que é muito bom para Natal que ela consiga. Eu acredito que poucas pessoas aliam dois tipos de capacidade como Fátima. Ela é uma boa gestora, muito boa gestora. E ao mesmo tempo é uma pessoa que tem sensibilidade. Sensibilidade significa que ela tem a percepção e isso é fundamental que ocorra em um prefeito ou governador do Brasil. Eles precisam entender que os problemas dos que mais precisam. Ela tem sensibilidade para os problemas sociais do Brasil e as grandes questões urbanas da capital. Como gestora do Programa de Aceleração do Crescimento eu sempre recebo deputados, senadores, prefeitos e governadores. Tenho recebido sistematicamente a Fátima pleiteando e oferecendo sugestão. Ela tem uma participação ativa e diferenciada. Espero que ela seja prefeita daqui de Natal.

A candidata do PT trabalha muito no foco de que, caso eleita, terá um apoio maior do governo federal...
Veja bem, o governo federal tem relação com os governos estaduais e as prefeituras uma relação republicana. O prefeito de que partido for, nós apoiamos. Mandamos recursos, não fazemos distinção política e partidária. Agora as pessoas têm projetos distintos. A Fátima tem projeto similar ao nosso. O que aposto é sempre que pessoas que tenham o mesmo projeto que eu tenho são pessoas onde as coisas fluem de forma mais fácil. Agora vou repetir. Nós repudiamos o clientelismo que ocorreu no país e acho que de uma forma bastante perversa para nossa democracia que era fazer com que prefeitos e vereadores e, caso eles não tivessem de acordo, independentemente do prejuízo que poderia causar a população, não se transferia recursos. Nós definitivamente somos contra isso. A Fátima é contra isso, como a governadora Wilma é contra isso. São pessoas que têm um projeto similar. A Fátima tem um projeto que também é um projeto de desenvolvimento. Nós hoje achamos que o Brasil pode crescer e distribuir renda. Uma coisa não exclui a outra, tanto é que você pode ver que o Brasil tem uma diferença. Elevar R$ 20 milhões para a classe média como nós conseguimos, classe média aqui significa carteira assinada, acesso ao crédito, acesso à casa, ao carro, ao seu computador, seu celular. Isso eu acho que é algo que o Brasil está vivendo e acho que há um processo de transformação. Para mim, tenho na Fátima uma parceira. Temos o mesmo projeto político comum.

A senhora tem participado de várias campanhas municipais. Isso é uma instrução do presidente Lula ou um trabalho já com vistas à campanha presidencial de 2010?
Antes de ser ministra, eu sou cidadã. E se eu não fosse cidadã brasileira, eu não poderia ser uma boa ministra. Para ser boa ministra, você precisa ter compromisso com o seu país, seu destino está indelevelmente ligado ao destino do seu país para você ter as primeiras condições de se credenciar e poder assumir um cargo público. Antes de qualquer coisa, eu sou cidadã e é, por isso, que eu posso ser ministra. Assim sendo acho que a eleição é um momento fundamental, de discussão no qual você pode conversar com a população, escutar o que a população acha. Você pode passar pelo crivo crítico da população. Isso é importantíssimo para a democracia. Eu faço campanha nos municípios, obviamente não posso fazer todos os dias e nem da forma que eu queira. Tenho uma agenda para cumprir, uma agenda pesada, ministerial. Assim sendo, digo que faço com imenso prazer porque acho que é um momento de contato com o povo brasileiro.

O presidente do Congresso, senador Garibaldi Filho, lançou sutilmente o nome da senhora para a Presidência da República. ..
Estou fazendo campanha para Fátima Bezerra. Meu negócio aqui tem nome, endereço e telefone: Fátima.

O que esperar do Governo Lula nos próximos dois anos e meio que ainda restam?
Podem esperar muita coisa. Acho que o governo Lula está em ritmo de cruzeiro. Essas realizações são sistemáticas. Uma coisa que acho fundamental. O governo tem o compromisso e vai cumprir. O país não terá retrocesso com mais estagnação e aqueles avanços e recuos que caracterizaram o período de 90. O país vai crescer. As pessoas vão ter sua vida melhorada. Uma classe média nova. A chamada classe média do Lula emerge no país. Ela tem acesso ao consumo de celular, computador, carro, casa, sobretudo a carteira assinada e crédito.

A oposição ao governo federal afirma que o RN por ser um Estado produtor de petróleo merecia muito mais do que essa pequena refinaria que será anunciada pelo presidente Lula na próxima semana.
Acho que é uma posição da oposição. A oposição ficou 20 anos no poder e não fez refinaria nem aqui e nem em lugar nenhum. A última refinaria feita no Brasil é dos anos 80. O governo Lula passou a fazer refinaria e vai fazer. Essas refinarias tanto no Rio Grande do Norte, como no Ceará, no Maranhão, no Rio de Janeiro, elas são algumas das primeiras refinarias. O petróleo do Pré-Sal que é o petróleo que está na costa brasileira, não está aqui na frente do Rio Grande do Norte, mas isso não é problema. O petróleo é do Brasil inteiro. O Pré-Sal vai exigir um número imenso de refinarias. Esse (as críticas da oposição) é um problema de quem tem a cabeça no passado na época em que receber refinaria era um presente dos deuses, até porque ninguém fazia refinaria no Brasil. Até porque, nos anos 90, não tinha refinaria construída. É uma visão falsa e distorcida. Aqui em Natal essa refinaria de Guamaré vai servir de plataforma para construção no segundo momento de algo mais diversificado, principalmente na área petroquímica. Isso não é imediato. Mas o que temos que olhar hoje o Brasil é dessa perspectiva porque o Pré-Sal dobrou as reservas brasileiras. O que vai ter de petróleo para ser refinado é uma quantidade muito grande e há uma definição do governo de não aceitar mais a exportação de produtos brutos.

Ministra, o que dizer do aeroporto de São Gonçalo do Amarante?
O presidente Lula vem aqui no final da semana que vem e uma das coisas que ele vai anunciar, junto com a governadora Wilma, que aliás é outra mulher em que acho que se credencia no Brasil e representa o compromisso de uma pessoa para seu Estado. A governadora tem insistido nisso. Ela é uma grande batalhadora pela refinaria. A refinaria é uma conquista da governadora. E o presidente vai tratar da questão da refinaria. Na questão do aeroporto, nós tivemos um problema na licitação porque a empresa que perdeu entrou contra o processo licitatório. O BNDES fez um acordo, um pool de projetos e nós vamos tirar o projeto de São Gonçalo do Amarante desse processo licitatório que está completamente enterrado para a Justiça. Para esse projeto, não são os juízes responsáveis, é que houve uma querela jurídica. Vamos colocar no BNDES e contratar diretamente através desse pool que é um banco de projetos que um conjunto de bancos financiam junto com o BNDES que é o organizador e fazer o contato direto. Acredito que ele sai dessa situação. E isso (a situação) é grave no Brasil porque sempre que há uma licitação, há um questionamento jurídico, uma paralisação. E nós então conseguimos porque tem o outro projeto desviar e seguir normalmente. Os dois projetos estão nos estágios finais para o processo começar a ocorrer.

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