O comércio mundial não é simples e é vital para a sobrevida do mundo e do capitalismo. A China por exemplo tem um superávit comercial de US$ 262 bi. Isso mesmo que você leu! E mais: reservas de mais de US$ 1 trilhão. Já os Estados Unidos tem um déficit de US$ 250 bilhões, mas tem o dólar. Controlam a moeda do mundo, porque desvalorizam-no, e não tem pior barreira protecionista que essa. Contra ela não vale nenhuma das regras das Organização Mundial de Comércio (OMC) e nenhum tratado.
Fora o fato de que pode ser emitida e valorizada ou desvalorizada, e assim determinar a vida das demais moedas, e os ciclos econômicos dos outros países. Esse é o poder real americano. Pior, os EUA não cumprem as decisões que eles mesmoS assinam e muitas vezes patrocinam.
Só o Brasil tem 80 demandas contra violações de acordos da OMC por aquele país. Agora, na Rodada Doha, para baixar seus subsídios para US$ 15 bilhões anuais - mas sem especificar em que setores e produtos, o que lhes permitirá manipulá-los a seu bel prazer - querem arrrancar uma moratória, ou imunidade, da parte dos países em desenvolvimento. Estes, se a concederem, não poderão mais abrir painéis contra leis americanas que violam os acordos da OMC.
Governo e comércio nossos, boa posição em Doha
Para reduzir o protecionismo agrícola e os subsídios bilionários que dão junto com a Europa, os EUA querem mais abertura industrial e nos serviços e mais compras governamentais. Não bastou e não basta a devastadora abertura que nos impuseram com o beneplácito de governos como os de FHC, nos anos do neoliberalismo.
Eles não abrem seus mercados, protegem a ferro e fogo suas economias, financiam suas empresas exportadoras, dão subsídios e créditos fartos e baratos, financiam as exportações com juros subsidiados, e ainda querem mais o acesso aos nossos mercados industriais, que competem com todas essas vantagens que eles dão à suas indústrias.
O Brasil está se transformando num exportador de capitais, tecnológia e serviços, e evidentemente não pode aceitar semelhante proposta. Deve negociar até o limite, mas defender nossa indústria, que alias é também multinacional - nossa e deles. Nessa Rodada Doha, felizmente essa é a posição de nosso governo e de nossa indústria.
colaboração de Zé Dirceu
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