É TEMPO DE DEFINIR ALGO PARA 2010?

"Quando não me perguntam sobre o tempo, sei o que ele é ...
Quando me perguntam, não sei." Santo Agostinho


Partindo desta reflexão paradoxal, o pensador saxão Norbert Elias conclui que o tempo é um traço característico do processo civilizador, um símbolo social que resulta de um longo processo de aprendizagem.

Quando vejo companheiros petistas darem declarações nas mídias potiguares sobre a posição do partido com relação ao pleito de 2010, penso que é necessário retomarmos estas reflexões, continuarmos em nosso processo civilizatório, de construção petista e de aprendizagem democrática.

Sim, precisamos aprender a aprender, mais do que um chavão da pedagogia empresarial esta é uma necessidade imposta pelo século XXI.


E sobre o Tempo Político? Esse então...

Pensarmos em termos de calendário gregoriano nos leva à seguinte conclusão: Faltam 512 dias para a data limite das convenções , para os mais estressados, 607 dias para o processo eleitoral.

Pensarmos em termos adverbiais, nos levam a cedo, tarde, etc..

Se a participação do DEM e do PSDB nos leva a dizer: "Prá dizer Jamais!", a aliança estratégica PSB- PT - PC do B, liderada pela Governadora Vilma de Faria, nos faz cantarolar o refrão da mesma música de Tony Beloto e pensar:

Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus.

Os articulistas anti-petistas aproveitam qualquer declaração de um militante de nossa estrela vermelha para estampar manchetes e buscam colocar palavras como se fossem declarações oficiais do partido. A mais recente é a do Salomão Gurgel, prefeito de Janduís-RN, especialista em cortar a criança ao meio, insinuando as possibilidades para 2010, afirmando que podemos romper a aliança em torno de Vilma. A Deputada Fátima quer que definamos "cedo", o vereador Lucena propõe seu nome ao Senado, as especulações proliferam.

Ora pois! como dizem meus amigos lusitanos.
Ainda nem acabamos de tomar os anti-inflamatórios para curar a borboletite de Natal e já queremos dicutir tática eleitoral por fora dos instrumentos do partido? E olha que borboleta é quatro no grupo, mas é 13 na dezena.

Especular agora?
Não! Precisamos refletir mais, conversar mais.
O PT tem um tempo petista.
Longo?Curto?Difícil? Sei lá...
Mas é um tempo petista.

Um tempo onde maturamos as idéias e as possibilidades. Um tempo ritualístico, de conversas com lideranças, tendências, agrupamentos, mandatos. Um tempo de conversar com filiados, simpatizantes, amigos, apoiadores e familiares. Um tempo de maturar idéias de "dentro prá fora".

Um tempo capaz de garantir a unidade partidária e que qualquer que seja o resultado da peleja, vitória ou derrota, mantenha o partido e o projeto acima dos interesses pessoais.

Neste 2009 temos muito trabalho. Primeiro, trabalharmos duro para enfrentar a maior crise econômica da história do capitalismo e seus reflexos sobre o povo brasileiro e sobre os potiguares em particular. Em seguida, a tarefa árdua, dura, difícil, pedreira, de construir o partido em cada município e reconstruir a presença petista em Natal. Também precisamos ampliar o diálogo com as classes médias estabelecidas e com os a ela recém-chegados, oriundos das classes populares, beneficiados que foram por seis anos de crescimento econômico do governo LULA. Certamente, estes últimos não desejam voltar ao patamar anterior, nem os já estabelecidos querem descer qualquer degrau. Dialogar com os servidores públicos e de estatais (que tem o governo como maior patrão), para explicar pacientemente a situação de caixa que os governos se encontrarão neste biênio. Começa agora com o piso salarial da educação, mas é só início, virá mais. Problemas de arrecadação no governo, diminuição do FPM serão travas fortes que arrocharão o custeio.
As andorinhas me contam que passar 2009 não será fácil.

Então, o que fazer para não sermos três vezes três vezes três noves fora?

Dilmarulssefiar vinte e quatro horas por dia para transpormos a serra, estabelecer uma proposta pós-LULA para o Brasil, escolher as novas direções no PED-PT (Processo de Eleições Diretas do PT) no segundo semestre e discutir a estratégia nacional para 2010.

Aí teremos força política e argumentos para pesar na balança ( e espero que o meu peso diminua bastante até lá). Na Balança de Coulomb ( usada para medir a força entre duas cargas elétricas), saberemos ser o POSITIVO, a continuidade ao governo LULA e seus aliados, contra o NEGATIVO que é o retrocesso neoliberal.

Será Iberê, João Maia, Robinson ou candidatura própria? Quem para o Senado? Com que coligação? Com que projeto? Com quais candidatos a que?

Vou lutar para que o tempo petista seja praticado sem precipitações. Tempo para maturar todas as indagações, evitando tratorar a militância.

Encerro como comecei, citando Confissões de Santo Agostinho:

"Minha alma queima, queima em saber o que é o tempo."


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