Eleição americana e guerra

O conflito Rússia – Geórgia e as eleições americanas

Como já sabem, a situação vai se complicando na província separatista pró-russa da Ossétia do Sul, situada em território da Geórgia. Junto com a província de Abecásia, a Ossétia do Sul conquistou uma espécie de “independência de fato” da Geórgia no fim dos anos 1990, monitorada por forças de paz russas. Os conflitos começaram a acontecer a partir da eleição de Mikhail Saakashvili à presidência da Geórgia em 2004. Saakashvili fez da unificação nacional um dos eixos de sua plataforma. Desde ontem, a região separatista está sob ataque da Geórgia. A Rússia mandou tropas e reagiu. Há relatos, ainda não confirmados, de centenas de mortos.

Numa situação tão complexa como esta, é de se esperar moderação e tranqüilidade de um líder norte-americano. Barack Obama deu uma declaração instando as duas partes a cessarem as hostilidades e sentarem-se à mesa de negociação. John McCain condenou a Rússia de forma unilateral e exigiu que ela abandone “imediata e incondicionalmente” as operações militares. Eis aí uma amostra do que está em jogo nestas eleições americanas.

Agora, a parte que você não sabe: o principal conselheiro de política externa da campanha de John McCain chama-se Randy Scheunemann. Ele ó o fundador da Orion Strategies e foi lobista contratado pelo governo da Geórgia durante 5 anos, mais exatamente entre 2003 e Março de 2008. Somente no ano de 2007, Scheunemann recebeu do governo da Geórgia honorários no valor de US $240.000. Não há nada de ilegal nisso, mas fica aí mais um exemplo dos possíveis conflitos de interesse que assombram um candidato à presidência dos EUA que se cerca de lobistas.

As relações de Scheunemann com o governo da Geórgia foram noticiadas na época de sua ascensão ao comando da política externa da campanha McCain, mas até agora nenhum grande jornal americano -- que dirá brasileiro -- se lembrou desse pequeno detalhe no noticiário sobre o conflito. A dica é da antenadíssima TPM.

O que seria de nós sem a blogosfera e a imprensa independente?
por Idelber Avelar

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